segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Homenagem a Dorina Nowill



Mauricio de Sousa homenageia Dorina Nowill
Criadora de famosa fundação para cegos inspirou a personagem Dorinha da Turma da Mônica.
No domingo (29/08/2010), a pedagoga Dorina Gouvêa Nowill morreu aos 91 anos, em São Paulo, devido a uma parada cardíaca. Com o objetivo de tornar acessível aos cegos materiais de estudo escritos em braile, Dorina criou uma fundação que leva o seu nome e ficou famosa por isso.Em 2004, inspirou Mauricio de Sousa na criação da personagem Dorinha, como um símbolo da conscientização das crianças quanto à deficiência visual.Com a sua morte, o famoso quadrinista fez uma declaração em sua homenagem:
- Por aqui, sentiremos sua falta, é claro. Mas quando bater aquela saudade basta lembrar da energia que ela sempre transmitiu a quem estivesse ao seu redor.
Fonte: R7 entretenimento
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"Ficam a saudade e os exemplos como guias para a continuidade do trabalho iniciado e desenvolvido por Dorina em mais de seis décadas"
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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Chegou a hora de acabar com o Braile?


Muita tecnologia surgiu para ajudar os cegos. E para questionar o uso de um sistema que até hoje reinava sozinho
Comentário SACI: Reportagem da edição número 281, de agosto de 2010 da Revista Super Interessante.
Frederic K. Schroeder
A tecnologia dedicada a ajudar deficientes visuais tem evoluído muito. Novas ferramentas vêm ampliando o acesso de cegos à informação escrita: audiolivros, softwares que leem em voz alta o e-mail que acabou de chegar, serviços telefônicos que leem o jornal pela manhã. Sem dúvida, uma mão na roda, que dá mais opções aos cegos.
Essas novidades conquistaram o espaço. E, confiando nelas, os cegos estão deixando de ler. Estão apenas ouvindo. Há deficientes visuais que já aderiram completamente à tecnologia. Alguns professores de escolas para cegos também não veem mais espaço para o braile. Tanto que quase 90% das crianças cegas americanas estão crescendo sem aprender a ler e escrever. Isso é um sinal de progresso? Devemos celebrar o declínio do braile?
É verdade, a tecnologia permite a absorção rápida de muita informação. O problema é que essas novas ferramentas oferecem um tipo passivo de leitura. Ao contrário do braile, que permite uma leitura ativa. Com ele, o cérebro recebe as informações de forma diferente: além do conteúdo, absorve também as letras, a pontuação, a estrutura do texto.
A falta desse conhecimento pode prejudicar a formação de alguém. Aconteceu comigo. Perdi parte da visão aos 7 anos de idade. Aos 16, fiquei completamente cego. Não fui alfabetizado em braile quando criança, e tive de aprender a ler e escrever sozinho depois de cego. O aprendizado tardio prejudicou minha educação e minha confiança. Quando entrei na universidade, não podia soletrar. Sabia pouco sobre pontuação e regras gramaticais. Fiz um doutorado em administração da educação, mas a alfabetização limitada foi sempre uma barreira.
Hoje uso muita tecnologia de áudio. Com ela, posso ler o texto no computador em um ritmo de 250 palavras por minuto. Com o braile, leio 50 palavras por minuto. Mas a tecnologia é complicada para reuniões e palestras. Se preciso ler um discurso que escrevi, buscar notas no meio de uma apresentação, consultar tabelas, só o braile evita que eu desvie a atenção do conteúdo principal.
É como para as pessoas que têm visão: rádio e TV são métodos úteis de conseguir informação, mas não substituem a leitura. Não quero dizer que a tecnologia de áudio não é importante na vida dos cegos. Ela é. Mas deficientes visuais necessitam de uma maneira eficiente de ler e escrever, como todo mundo. Isso significa que precisamos garantir o acesso a todo tipo de tecnologia que apareça e seja capaz de auxiliar. Sem esquecer também de trabalhar para manter o braile vivo.
Fonte: Rede Saci